No dia 15 de Julho deste ano de 2014, era também o dia 17 do 4º mês bíblico, chamado de Tamuz pela maioria dos judeus de hoje em dia. Nesta data no passado, o exército romano rompeu as muralhas de Jerusalém, para depois destruir o 2º Templo. Também nesta data Moisés, vendo a adoração ao Bezerro de ouro, destruiu as Tábuas da Lei, que recebera do Eterno, e por isso, desde este dia até o dia 9 do 5º mês - Três semanas, ninguém se casa em Israel, não se faz festas, não se ouve música, os homens não se barbeiam ou cortam os cabelos, é um tempo de jejum e de quebrantamento... é um tempo de luto!
Ontem pude participar do Sepultamento de uma pessoa querida, de uma família de judeus muito querida para mim, e pude me deparar com o Luto desta família, no meio do luto do povo de Israel.
Um Rabino que acabara de vir de Israel, falava de sua última experiência no Kotel, onde milhares de pessoas estavam não pelas pedras. Eles não oram para as Pedras que restaram do Muro do Templo. Eles oram para a Presença de Deus que está ali. O Espírito de Deus que se faz presente, e oram com tristeza, pelo Templo, pelo Lugar de adoração que foi destruído, há quase dois milênios.
Esta comparação ele fez, com o fato de nos depararmos ali com os restos mortais de uma pessoa amada e querida, mostrando que o respeito pelo corpo da pessoa falecida, não é nada comparada com a certeza que a pessoa em si é um espírito que é eterno.
Neste momento meu coração encheu-se de alegria e ao mesmo tempo de gratidão a Deus, pois, numa das crises de saúde que esta pessoa sofreu nos últimos anos, pude ir até o hospital onde se encontrava, e pude cantar em hebraico algumas canções, como que embalando uma criança que sofria por dores e por um quadro de saúde que melhorou muito para retornar agora, o levando à morte. Lembro-me daquele dia que falei pra ele de um Judeu, que havia mudado a minha vida e que era um Justo, e que entregou-se à Morte, para que a Vida nos fosse dada, e fiz um convite para que esta pessoa entregasse sua vida nas mãos deste Salvador. Ele o fez, e orou comigo...
Recentemente, na última vez que o vi, ele que entrava na crise derradeira que agora o vitimou, mais uma vez orou comigo, e confiou neste Salvador chamado de Yeshua.
Ontem quando os filhos, irmãos e esposa, rasgaram suas vestes, fizeram a KERIAH, ato que invoca a tristeza de Jacó, quando ouviu que seu filho José fora morto, tradição milenar para todos os enlutados judeus, não há como não rasgar o coração um pouco por esta cena tão forte e marcante, e por esta gratidão tão grande e indizível ao nosso Deus, pois está escrito: "Tragada foi a morte pela Vitória!"
A mesma alegria que Jacó sentiu, quando muito tempo depois percebe que seu José estava vivo, é o desejo que sinto, num futuro reencontro destes familiares com seu amado, pois Aquele Judeu Salvador, chamado Yeshua, resgatou seu familiar da morte para a Vida.
Na hora em que vão realizar a KERIAH dizem: " BARUCH ATÁ ADONAI ELOHEINU MELECH HAOLAM DAIÁN HAEMET" - Bendito és Tu Eterno Nosso Deus, Rei do Universo, Juiz da Verdade" - Pois este a quem invocaram este Justo Juiz é Aquele que enviou Yeshua, para que todos O que nele creiam não pereçam, mas, tenham Vida Eterna.
A primeira pessoa desta família que conheci, experimentou uma grande e avassaladora mudança de vida, quando num momento terrível de crise existencial, foi confrontada por este Amor e foi desafiada a entregar-se a este mesmo Salvador chamado Yeshua, pois na época uma pessoa influente, cheia de orgulho e vaidade ouviu que com tudo aquilo que tinha e que sabia, iria para o inferno se não fosse pela misericórdia de Deus...
Pois aos berros, não pensou em si mesma, mas, pensou nos filhos e que o tal do inferno não poderia ser o destino dos seus amados e disse: "Os meus filhos não vão para o inferno", e meio que por medo, muito por amor, decidiu entregar-se a este mesmo Salvador, que começava a alcançar um por um dos seus amados, e completará a Boa Obra, como resposta a este clamor tão sincero.
Na hora do sepultamento, depois de cobrirem o corpo em seu caixão simples, os filhos recitam o Kadish (Santificação), muitos chamam isso de Oração pelos Mortos, coisa que é uma total inverdade. É o mesmo engano de alguém que acha que os judeus oram para as pedras no Kotel. O Kadish é um hino de adoração ao Nosso Deus, Aquele que julgou a Morte, para que novamente tenhamos acesso à Vida Eterna, a Ele sejam O Louvor, a Honra e a Glória.
Hoje muitos judeus, são judeus de nascimento, mas, estão absolutamente longe de tudo o que se relaciona com O Criador, e por isso, num momento de deparar-se com a Morte, é tão importante realizar uma auto-análise, de como vai sua vida com Deus, porque se não tomamos um posicionamento nesta vida para com Ele, como esperar que o fim possa ser proveitoso depois da morte?
É por esta razão que é melhor ir numa casa onde há luto, do que numa casa aonde há festa. Pois numa casa enlutada, aprendemos muito mais sobre a Vida, para que possamos fazer algo, enquanto ainda há esperança.
Os filhos que estavam juntos recitando O Kadish, eram justamente aqueles que anos atrás, foram alvos de um grito desesperado de uma mãe que disse: "os meus filhos não vão para o inferno"
Conhecendo esta história, pude neste momento interceder por cada um deles e por suas famílias, pedindo: Deus toca-os de uma forma especial, e assim, como tive a honra de poder falar do Teu Amor, para este que hoje está na Tua Presença Santa, que eu, ou alguém possa ser um instrumento também do Teu Amor e Bondade, para que estas pessoas tão queridas, possam experimentar também a Tua Vida Eterna...
Eis o Kadish traduzido... As palavras todas são de adoração, mas, quando cantado, a sonoridade e a reverência, completam este hino de Honra, Louvor e Adoração ao Único que é Deus nesta expressão pública de fé.
«Que seja Exaltado e Santificado Seu grande nome (congregação: Amém), no mundo que Ele criou segundo Sua vontade. Que Ele estabeleça Seu Reino, faça vir Sua redenção e aproxime a vinda de Seu Mashiach (Amém) em vossa vida e em vossos dias e na vida de toda a Casa de Israel, pronta e brevemente, e dizei amém. (Amém)
Que Seu Grande Nome seja Bendito eternamente e por todo o sempre; que seja Bendito.
Que Seu Grande Nome seja bendito eternamente e por todo o sempre.
Que seja Bendito, louvado, glorificado, exaltado, engrandecido, honrado, elevado e excelentemente adorado o Nome do Santo, Bendito seja Ele (Amém), acima de todas as bênçãos, hinos, louvores e consolos que possam ser proferidos no mundo, e dizei amém ( Amém).
Que haja Paz abundante emanada dos Céus, e bênção de vida sobre nós e sobre todo [o povo de] Israel; e dizei amém (Amém).
Aquele que estabelece Paz em Suas Alturas, possa Ele estabelecer Paz para nós e para todo Israel; e dizei amém (Amém)».
Um corredor se abre de um lado homens e de outro mulheres para declararem sobre os enlutados palavras de ânimo e de conforto.
Declaramos estas Palavras sobre esta família, sobre os judeus que nos dias de hoje sofrem ataques de seus inimigos na Terra de Israel, e sobre incontáveis homens e mulheres amados pelo nosso Deus que continuam seguindo com suas vidas e suas lutas, desconsiderando o fato de que as lutas desta vida são passageiras, e as poucas décadas que vivemos neste mundo (aqueles que possuem a honra inclusive de viver tanto), não são nada comparáveis com a Eternidade. É preciso ante ao Luto, rasgar o coração e não apenas as vestes e pensar:
Deus o que será de mim depois da morte?
Se há dúvidas em teu coração, o luto não deveria ser por quem morreu, principalmente se esta pessoa abriu seu coração para O Amor de Deus, como este querido que se foi encontrar-se com O Seu Salvador... O Luto deveria ser por tua própria vida, pois, o que fará você, quando fores te encontrar com O Teu Criador?
"Hamacom yenachem etchem betoch shear
avelê Tsiyon Virushaláyim"
"Que Deus te conforte entre os outros enlutados
de Sion e Jerusalém."
Como cantam os cristãos ante à morte:
"Por que Ele vive, posso crer no amanhã
Porque Ele vive, medo não há,
Pois eu bem sei, eu sei, que a minha vida...
Está nas mãos do meu Senhor que Vivo Está!"
Paulo de Tarso, apóstolo
Igreja Apostólica Betlehem