sábado, 20 de novembro de 2010

Aumann - entrevista para a Revista Veja

Robert Aumann recebeu, em 2005, o Prêmio Nobel de Economia por seus estudos na área da Teoria dos Jogos. Suas teses ajudam a compreender os princípios que regem os conflitos e como se consegue convencer adversários a cooperar entre si. As teorias do judeu ortodoxo de 79 anos têm aplicação prática na economia, na diplomacia, em política e até em religião. Aumann começou a se interessar pelo assunto na década de 50, depois de conhecer John Nash – vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 1994 – e de receber a missão de desenvolver estratégias de defesa para os Estados Unidos em plena Guerra Fria. Aumann nasceu na Alemanha e sua família emigrou para os Estados Unidos em 1938, para fugir do nazismo. Um de seus filhos morreu na primeira guerra do Líbano, em 1982. Aumann, que vem ao Brasil no próximo dia 9 para uma série de palestras, concedeu a seguinte entrevista a VEJA, de sua sala na Universidade Hebraica de Jerusalém.

O fato de sua vida ter sido marcada por dramas de guerras determinou seu interesse pelo tema?
Sim, você está certo. A II Guerra Mundial e o constante estado de conflito em Israel, que se estende desde 1922, certamente me influenciaram. A convivência constante com guerras despertou em mim grande interesse pelo mecanismo das lutas armadas. Eu me considero um homem de paz. Mas a forma como os outros homens de paz querem acabar com as guerras não é eficiente. Eu quero paz, mas de um jeito diferente. O estudo da economia e da Teoria dos Jogos me ensinou que as coisas nem sempre são o que parecem. O funcionamento dessas ciências é mais complexo e tem relação com a maneira com que as ações de um indivíduo afetam outras pessoas. Essa interação depende de uma rede intrincada de participantes ou, como costumo chamar, jogadores. Por isso, não basta querer a paz para consegui-la. É preciso entender como esse desejo afeta outras pessoas. Dizer "eu quero paz" pode não trazer paz, mas guerra. Para minimizar as surpresas é preciso calcular com muito cuidado como uma ação leva a outras.


"Mesmo que o governo iraniano consiga construir a bomba atômica, duvido que os aiatolás a usem. O problema é essas armas caírem nas mãos da Al Qaeda, que não tem endereço"


O que é a Teoria dos Jogos?
É uma ciência que examina situações em que dois ou mais indivíduos ou entidades lutam por diferentes objetivos, nem sempre opostos. Cada jogador tem consciência de que os outros também agem de forma a atingir as próprias metas. Um exemplo óbvio são os jogos recreativos ou esportivos, como o xadrez, o pôquer e o futebol, em que todos os participantes possuem metas próprias. No xadrez, cada peça movida por um jogador desencadeia uma série de reações no adversário. A compra de uma casa também pode ser analisada por meio da Teoria dos Jogos, mas sugere um cenário completamente diferente, pois o comprador tem objetivos comuns aos do vendedor. Ambos estão interessados em que o negócio se concretize. Alguns aspectos da negociação, porém, são opostos, porque o comprador quer um preço mais baixo e o vendedor um preço mais alto. Nessa disputa, o comprador analisa os movimentos do vendedor, e vice-versa. Cada um pensa sob o ponto de vista do outro para elaborar uma maneira de atuar. O mesmo vale para a política ou para a guerra. Minha pesquisa consiste em analisar as estratégias de situações interativas como essas.

Há fórmulas matemáticas para analisar as estratégias possíveis?
Não há uma fórmula matemática universal, mas existem conceitos fundamentais na Teoria dos Jogos, como a noção de equilíbrio. Esse conceito foi inventado por John Nash, a quem a maioria das pessoas conhece pelo filme Uma Mente Brilhante (com Russell Crowe no papel do cientista).Nash desenvolveu a noção do ponto de equilíbrio, que ocorre quando cada jogador encontra sua maneira ideal de atuar no jogo. Cada um, portanto, cria sua melhor estratégia possível, levando em conta o que o outro está fazendo. Para cada tipo de situação há fórmulas diferentes a ser aplicadas.

Nash ganhou o Prêmio Nobel por sua teoria do ponto de equilíbrio e o senhor por ter dado um passo além, com a Teoria dos Jogos Repetitivos. Em que elas diferem?
A base conceitual é a mesma. Mas a maneira de as pessoas se comportarem no jogo repetitivo é diferente. Quando se joga o mesmo jogo repetidas vezes, o comportamento de um jogador hoje afeta a atuação do outro amanhã, e assim por diante. Minha teoria vê toda essa repetição como um único jogo e determina qual é o equilíbrio do processo inteiro. A conclusão é que, em uma situação repetitiva – uma negociação que se estende por várias rodadas, por exemplo –, é mais fácil conseguir cooperação entre as partes. A ideia básica dessa teoria é o uso de incentivos. No ponto de equilíbrio de um jogo, cada um faz o que é melhor para si. Para convencer o outro a fazer algo que é bom para você, é preciso dar a ele motivos para que o ajude.

Como o senhor começou a aplicar a Teoria dos Jogos à Guerra Fria?
Eu conheci John Nash no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) nos anos 50 e estou em contato constante com ele desde 1994. Quando eu o conheci, Nash contou-me sobre a Teoria dos Jogos e a do ponto de equilíbrio, mas eu não estava interessado nesse assunto. Em 1954, fui trabalhar na Universidade Princeton e deparei com um problema muito prático que me fez lembrar das conversas com Nash. O desafio era desenvolver a melhor estratégia para defender uma cidade de um hipotético ataque nuclear aéreo, em que apenas um ou outro avião carrega bombas atômicas. Agora que Nash está mais ou menos recuperado de sua doença (ele sofre de esquizofrenia), voltou a trabalhar com o tema. Eu o vejo com certa frequência, umas duas vezes por ano.

De que maneira a Teoria dos Jogos pode ajudar a evitar ou solucionar guerras?
É preciso identificar os elementos comuns a diferentes situações de conflito. Em diversos conflitos atuais, há uma tentativa de resolver o problema tomando medidas para agradar à outra parte. Há quem pense que atender às demandas do adversário pode trazer a paz. Basta usar raciocínio lógico e analisar a história para ver que isso não é verdade. O senso comum diz que a II Guerra Mundial foi causada por Adolf Hitler. Há alguma verdade nisso, porque foi ele quem ordenou a invasão da Polônia em setembro de 1939. Mas o papel desempenhado pelo primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain é frequentemente negligenciado. É impressionante ler os jornais daquele tempo e perceber quanto a retórica de Chamberlain era similar ao que ouvimos hoje em dia na diplomacia: "Nós temos de conseguir a paz, temos de entender o outro lado, temos de fazer concessões...".

Como a política de pacificação de Chamberlain?
Ele estava tão obcecado em garantir a paz que passou a atender a todas as demandas de Hitler. Ao fim das negociações de Munique, em 1938, ele perguntou a Hitler se todas as exigências da Alemanha haviam sido atendidas. Hitler disse que sim. Chamberlain, então, voltou a Londres, exibiu pomposamente o acordo assinado com Hitler e proferiu a frase que entraria para a história dos piores erros de avaliação: "A paz em nosso tempo está assegurada". Dias depois as tropas alemãs ocuparam os Sudetos. Meses depois tomaram a então Checoslováquia. Um ano depois Hitler invadiu a Polônia. Só então a Inglaterra declarou guerra à Alemanha. Hitler ficou furioso. Ele tinha razões para isso. Chamberlain levou-o a acreditar que a Inglaterra aceitaria qualquer coisa que ele fizesse, sem limites. As concessões de Chamberlain foram um incentivo para Hitler, e elas levaram o mundo à II Grande Guerra.


"Em diversos conflitos atuais, há uma tentativa de agradar à outra parte. Erra quem pensa que atender às demandas do adversário pode trazer a paz. Isso não é verdade"


Se fazer concessões não ajuda, que tipo de incentivo pode acabar com um conflito?
É preciso dizer na mesa de negociação: "Não vamos aceitar essas demandas e, se vocês insistirem nelas, vamos revidar com violência". Há dois tipos de incentivo: a cenoura e o porrete. Theodore Roosevelt dizia para falar com suavidade, mas ter sempre à mão um porrete. Se Chamberlain tivesse dito a Hitler em 1938 em Munique que não aceitaria certas demandas, Hitler teria de recuar, porque não estava ainda preparado para a guerra. Na crise dos mísseis de Cuba, em 1962, o presidente americano John Kennedy deixou claro aos russos que, se os mísseis não fossem retirados da ilha, os Estados Unidos agiriam. Com isso, Kennedy conseguiu a paz.

Foi a partir desse ponto que a Guerra Fria atingiu seu equilíbrio?
Exato. A Guerra Fria nunca esquentou porque nenhum dos lados cedeu às demandas do outro além de determinados limites. Havia aviões carregando armas nucleares no ar 24 horas por dia, 365 dias por ano, durante mais de quarenta anos. Em um jogo, algumas concessões podem ser necessárias, mas sempre com uma contrapartida. Do contrário, o adversário torna-se mais e mais intransigente e segue em frente com seus planos, sentindo-se impune.

Essa é a maneira correta de tratar o Irã em relação aos seus planos de construir um arsenal nuclear?
No caso do Irã, não fico muito preocupado. Mesmo que o governo iraniano consiga construir a bomba atômica, duvido que ele a utilize. Obviamente, isso daria ao Irã um bom poder de barganha, o que não é nada agradável. Não acredito que faria uso dessa arma, no entanto, porque Estados Unidos e Israel têm capacidade para responder a um ataque com um poder muito superior. É um pouco a lógica da Guerra Fria. O problema com o Irã não é o regime dos aiatolás querer utilizar a bomba, mas essa tecnologia cair nas mãos de grupos terroristas como a Al Qaeda, que não tem endereço. O que mantinha o equilíbrio durante a Guerra Fria é que um lado podia destruir o outro. A Al Qaeda não é um inimigo convencional com um país, uma capital e um povo. Ela pode atacar e não sofre retaliações.

O que fazer, então?
Já foram dados incentivos para o governo iraniano abandonar seu programa de enriquecimento de urânio. O que precisa ser feito agora é dar incentivos para que os aiatolás não entreguem a tecnologia e o material nuclear a grupos terroristas que não têm nada a perder. Ou seja, é preciso encontrar uma maneira de atribuir ao Irã a responsabilidade pelas consequências de um eventual desvio de seu armamento para mãos erradas.

Por essa análise, Israel não precisaria fazer um ataque preventivo ao Irã, certo?
Concordo, mas muitos membros do governo israelense não pensam como eu. O governo nunca me consultou sobre esses temas, nunca me pediu para analisar a questão sob a ótica da Teoria dos Jogos. Acho que tenho mais influência no Brasil do que em Israel.

O conflito entre israelenses e palestinos é de outra natureza, não?
No conflito árabe-israelense, ambos os lados têm espaço para negociação e para manobras, em uma relação de longo prazo. Não é uma situação em que é preciso pegar ou largar. Isso, em teoria, é bom para um processo de paz. O fracasso vem do fato de o governo israelense ser excessivamente flexível nas negociações com os palestinos. Fala-se apenas em paz, paz, paz. Como nos anos que precederam a II Guerra Mundial. Os árabes não se convenceram de que nós, israelenses, pretendemos ficar aqui. Eles dizem que somos como os cruzados, que vieram, ficaram por mais de 100 anos e se foram. Israel, no entanto, nada faz para convencê-los de que os judeus continuarão por aqui. Muitos dos problemas que estamos enfrentando hoje se devem à retirada israelense da Faixa de Gaza, em 2005. Não poderia haver nada pior para a paz. Os árabes pensaram que estávamos capitulando, pois foi essa mesma a mensagem que passamos a eles ao fazer a retirada unilateral. Os árabes interpretaram nosso gesto como fraqueza, tornaram-se intransigentes, e isso afastou ainda mais a possibilidade de uma negociação com melhores resultados.

A Teoria dos jogos - Robert John Aumann



O conflito árabe-israelense de
acordo com a “Teoria dos Jogos”

Prof. Robert John Aumann, “Prêmio Nobel”

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Dois homens, Rubens e Simão, são colocados em uma pequena sala com uma mala cheia de notas, totalizando U$ 100.000. O proprietário da mala anuncia o seguinte:
"Eu vou lhes dar todo o dinheiro que está nesta mala com uma condição: vocês dois tem que negociar um acordo sobre como dividi-lo. Só se vocês dois chegarem em um acordo é que eu me prontifico a lhes dar o dinheiro; senão, não".
Rubens é uma pessoa racional e percebe a oportunidade de ouro que se apresenta diante dele. Ele se vira para Simão com a óbvia sugestão: "Você pega metade e eu vou levar a outra metade, de modo que cada um de nós terá U$ 50.000".
Para sua surpresa, Simão franze a testa para ele e diz, num tom que não deixa margem para dúvidas: "Olha aqui, eu não sei quais são os seus planos para o dinheiro, mas eu não pretendo sair desta sala com menos de U$ 90.000. Se você aceitar, tudo bem. Se não, nós dois podemos ir para casa sem nenhum dinheiro no bolso".
Rubens mal pode acreditar em seus ouvidos. "O que aconteceu com Simão?", ele pergunta a si mesmo. "Por que ele tem que ter 90% do dinheiro e eu apenas 10%?" Ele decide tentar convencer Simão a aceitar sua visão. "Vamos ser lógicos", ele insiste, "Estamos na mesma situação, nós dois queremos o dinheiro. Vamos dividir o dinheiro de forma igual e nós dois vamos sair no lucro".
Simon, no entanto, não parece perturbado pela lógica de seu amigo. Ele escuta com atenção, mas quando Rubens termina de falar, ele diz, ainda mais enfaticamente do que antes: "90-10 ou nada. Essa é a minha última oferta".
Rubens fica vermelho de raiva. Ele está prestes a dar um soco no nariz do Simão, mas ele recua. Ele percebe que Simão não vai ceder e que a única maneira que ele pode deixar o quarto com algum dinheiro, é dar para Simão o que ele quer. Rubens ajeita sua roupa, leva U$ 10.000 dólares da mala, aperta a mão de Simão e sai da sala humilhado.
Este processo é chamado de “paradoxo do chantagista", na teoria dos jogos. O paradoxo é que Rubens, o racional, é forçado a se comportar irracionalmente, por definição, a fim de alcançar resultados máximos em face da situação que evoluiu de forma absurda. O que provoca esse resultado bizarro é o fato de Simão estar tão seguro de si e não vacilar ao fazer seu pedido exorbitante. Apesar de ser ilógica, esta atitude convence Rubens de que ele deve ceder para que possa tirar a melhor vantagem possível daquela situação.
As relações entre Israel e os países árabes são conduzidas ao longo das linhas desse paradoxo. Em cada fase de negociação, os árabes apresentam condições cada vez mais absurdas, impossíveis e inaceitáveis. Eles agem totalmente seguros de si, como quem acredita plenamente no que está pedindo, e deixam claro a Israel que não há chance de ter o seu apoio se não for naquelas absurdas condições. Invariavelmente, Israel compromete-se com as suas demandas de chantagem, porque senão Israel acha que vai sair da sala de mãos vazias. O exemplo mais flagrante disso é a negociação com a Síria, que vêm ocorrendo com diferentes níveis de negociadores durante anos. Os sírios deram a certeza de que estava claro, desde o início das negociações, que não iriam ceder nem um milímetro das Colinas de Golan — todo o Golan tinha que lhes ser entregue.
Do lado israelense, ansiosos para ter um acordo de paz com a Síria, a posição síria ficou tão bem internalizada, que o público israelense está certo que o ponto de partida para futuras negociações com a Síria precisa incluir a retirada completa dos israelenses das Colinas de Golan, apesar de saber que reter o Golan é de suma importância estratégica para garantir a segurança dentro das fronteiras para Israel. De acordo com a teoria dos jogos, Israel tem de mudar certas percepções básicas para melhorar suas chances no jogo das negociações com os árabes e ganhar a luta política a longo prazo:

A. Disposição de renunciar acordos - A posição política de Israel é baseada no princípio de que os acordos devem ser alcançados com os árabes a qualquer preço e que a falta de acordos é insustentável. No paradoxo chantagista, o comportamento de Rubens é o resultado de seu sentimento de que ele deve deixar o quarto com algum dinheiro na mão, não importa quão pequena seja a quantia. Já que Rubens não pode imaginar-se saindo da sala com as mãos vazias, ele acaba tornando-se presa fácil para Simão. Ele acaba saindo com uma certa quantia de dinheiro na mão, mas no papel do perdedor humilhado e bobo. Esta é semelhante à maneira como Israel lida com as negociações. Sua disposição mental, distorcida pelo paradoxo da chantagem, faz com que Israel seja capaz de rejeitar sugestões lógicas que fariam com que eles não tivessem que abrir mão de seus próprios interesses.

B. Tendo em conta a repetição - A teoria dos jogos diz respeito a situações que acontecem uma única vez, o que é diferente nas situações em que as coisas se repetem. Uma situação que se repete durante qualquer período de tempo, cria, paradoxalmente, a paridade estratégica que leva a cooperação entre os lados opostos. Esta cooperação ocorre quando ambos os lados percebem que o jogo vai se repetir, e que a influência dos movimentos presentes vai pesar em jogos futuros, o que é um fator de equilíbrio no jogo. Rubens viu o seu problema como um evento único, e se comportou de acordo. Se ele dissesse ao Simão que ele não iria renunciar ao valor que ele merece, mesmo se ele perdesse tudo, ele teria mudado o resultado do jogo por um período indeterminado. Provavelmente é verdade que ele ainda teria deixado o jogo de mãos vazias, mas na próxima reunião com Simão, este lembraria a reação original de Rubens e, agora sim, estaria disposto a chegar a um acordo que fosse vantajoso para os dois (para não sair de mão vazias, de novo). É assim que Israel tem que se comportar, olhando para o longo prazo, a fim de melhorar sua posição em futuras negociações, mesmo que isso signifique, agora, manter uma situação de guerra, negando-se a fazer acordos nestas condições, mas esta recusa agora seria algo que, depois, levaria a um acordo duradouro.

C. Fé em suas opiniões - Outro elemento que dá força ao "paradoxo chantagista" é a crença inabalável na sua própria opinião - por parte de um dos lados. Simão exemplifica isso. Essa fé dá uma confiança interna, ao candidato, em sua causa, desde o início e, eventualmente, acaba convencendo também o seu rival. O resultado é que o lado oposto também vai querer chegar a um acordo, ainda que à custa de condições que são bastante distantes de sua posição de abertura. Vários anos atrás, eu falei com um oficial superior de Israel, que afirmou que Israel deve se retirar das Colinas de Golan, no âmbito de um futuro tratado de paz com a Síria, porque o Golan é terra santa para os sírios, e eles nunca vão desistir dele. Expliquei-lhe que, primeiro os sírios haviam convencido a si mesmos de que o Golan é terra sagrada para eles, e só aí então é que eles foram capazes de convencê-lo também disso. É esta “crença inabalável” de que eles, os sírios, tem direito sobre estas terras, que vai nos convencer a ceder às suas demandas. A única solução para isto é que nós mesmos temos que acreditar de forma inabalável na nossa causa, no fato da nossa causa estar totalmente justificada. Só a fé completa em nossas demandas podem ter sucesso em convencer o nosso adversário a levar em conta a nossa opinião. Como em toda a ciência, a teoria dos jogos não toma partido em julgamentos morais e de valor. Ele analisa estrategicamente o comportamento de lados opostos em um jogo onde jogam um contra o outro. O Estado de Israel está no meio de um jogo com os seus oponentes, os seus inimigos. Como em todo jogo, o jogo entre árabes e israelenses envolve interesses que criam a estrutura do jogo e suas regras. Infelizmente, Israel ignora os princípios básicos da teoria dos jogos. Se Israel fosse sábio o suficiente para se comportar de acordo com esses princípios, o seu status político e sua segurança iriam melhorar substancialmente.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Palestra para Educadores no IV Evento de Educadores da Zona Sul de São Paulo

Eu sou responsável, você é responsável

“De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada,...; se (o teu dom) é ensinar, haja dedicação ao ensino;...” (Rom 12:6 e 7)

Tive um professor de Biologia que não marcou só a minha vida, mas, a vida de muitos de meus colegas, que inspirados por ele tornaram-se cientistas, zoologistas, médicos, mas, sem exceção todos passaram através daquele mestre a influenciar suas famílias e grupos de relacionamentos.

Quando criança, na minha casa não se podia tomar banho até 3 horas depois de se alimentar. Essa crendice popular atormentou minha família, até que nas aulas de Biologia, aprendi sobre os “movimentos peristálticos”, que se interrompidos provocam uma congestão e descobri, que o que pode provocar este mal é a falta de oxigênio, de alguém que possa mergulhar e prender a respiração por algum tempo... Coisa de quem tomava banho em rios... Não para nós “os do chuveiro!” Pronto! Livres da proibição e ao mesmo tempo agentes de transformação.

Este meu professor nos ensinava não para que passássemos de ano, ou num vestibular, mas, para que pudéssemos mudar a vida das pessoas que nos cercavam. Ele falava que há uma responsabilidade dos que tiveram chance de aprender para que pudessem ensinar aos que não tiveram a mesma chance. Ele nos motivava a (com todo o cuidado) ensinar a nossos pais e mães, sobre a prática de um ensino tão excelente quanto o seu. Este professor nos ensinou sobre – RESPONSABILIDADE SOCIAL.

Minha mãe foi proibida de freqüentar escolas, por uma educação machista e ignorante. Foi alfabetizada em casa, por uma professora particular, que mal sabia para ela mesma. Meu pai estudou até a 4 série primária e foi um autodidata em toda a sua vida. Desde que começaram a namorar (eles nos contavam), meu pai demonstrou todo o amor, em ensinar a minha mãe como falar corretamente, e que a escrita não era exatamente, como se fala, havia regras. Minha mãe por sua vez, sempre foi humilde e determinada a aprender. Ninguém hoje em dia imagina que minha mãe nunca freqüentou uma escola, e este exemplo de vida, eu e minhas irmãs carregamos por toda a nossa vida. Alguém com amor e determinação para ensinar e outro com zelo e humildade para aprender.
Nossa casa sempre teve como decoração MILHARES de livros cuidadosamente colocados em estantes por toda a casa. Meu pai, montou desde sua juventude uma imensa Biblioteca, para que seus filhos pudessem ter oportunidades que ele não teve. Tornou-se a pessoa mais culta, e humilde que conheci em toda a minha vida. Assim uma família inteira viu-se envolvida no esforço para desenvolver-se no SABER, e com zelos de uns para com os outros no ensinar.

Meu pai ensinava minha mãe; os dois nos ensinavam (ele pelo exemplo e paciência, ela pela determinação de aprender). Nós os filhos passamos a ensiná-los – Nossa casa tornou-se um centro de estudos, para nossos amigos e colegas...

INFLUENCIANDO A OUTROS
Quando trabalhava numa empresa lá pelos meus 20 Anos, conheci um rapaz, muito simpático, que infelizmente falava muitas coisas erradas, embora fosse um rapaz bonito e muito distinto. Eu insisti com ele duramente para que voltasse a estudar e então ele retornou aos estudos, para completar na época o ginásio que havia abandonado.
Passaram-se muitos anos disto, tornei-me advogado, e nunca mais vi aquele rapaz, até num dia em que ele veio até meu escritório, dizendo que me procurava há muitos anos, já que havia completado seus estudos básicos, formando-se em Administração de Empresas. Ele me contou ainda que fez uma Pós-Graduação em Gestão de RH, área administrativa com a qual trabalhamos juntos e eu o ensinei mais de uma década atrás, e agora ele havia obtido o Título de Mestre, e a tese do Mestrado na área também de Gestão de RH, foi dedicada a três pessoas: Sua noiva, seu orientador no mestrado e a mim, que o incentivara tantos anos atrás a voltar para os estudos. Este meu amigo querido já faleceu, mas, sua vida, é um legado de determinação e superação. E eu me emociono a lembrar que pelo nosso posicionamento podemos transformar vidas.

A VALORIZAÇÃO DA FAMÍLIA

Os vínculos familiares como eu mencionei, usando o meu exemplo familiar, infelizmente não é o que se vê em milhares de lares brasileiros, porém, não podemos procurar substitutos para a família, ou para sua ausência, mas, devemos procurar restaurá-la. A família e seu papel na sociedade.

Alguns precisam ser educados para educar; alguns precisam ser corrigidos para corrigir; alguns precisam ser amados para amar... Em muitos casos ainda há tempo! Precisamos colher os frutos antes que apodreçam...

Mas, se apodrecerem no pé, poderão ao cair, semear o chão e desta morte brotar vida!

- Se infelizmente para alguns não é mais possível voltar atrás, é possível, seguir em frente e escrever uma história diferente.

Porque há esperança para a árvore, que, se for cortada, ainda torne a brotar, e que não cessem os seus renovos. Ainda que envelheça a sua raiz na terra, e morra o seu tronco no pó, contudo ao cheiro das águas brotará, e lançará ramos como uma planta nova. (Job 14:7-9)

Os últimos pensamentos de alguém antes de morrer nunca serão: “eu deveria ter passado mais tempo em meu escritório trabalhando”.
Lord Jonathan Sacks

A CULTURA DOS CÉUS E A CULTURA DA TERRA

O Povo do Livro – Povo judeu – foi cercado por 3 anos e depois os jovens, príncipes, formadores de opinião foram levados cativos, e um segundo cerco lhes foi oferecido: Conheçam nossa língua, conheçam nossa cultura e comam da nossa mesa, e então terão um trabalho aqui na Babilônia.

Sinto-me pessoalmente desafiado a lutar nesta guerra, que é travada veladamente ainda hoje em cada comunidade carente de nossa nação, em que crianças que não conheceram seus pais e não foram criados por famílias estruturadas, encontram em traficantes e outros criminosos, a oportunidade de ganhar dinheiro, de possuir bens de consumo e de alcançarem proteção e poder. Um cerco de facilidades e de oportunidades, depois de um cerco de miséria e medo.
A cultura dos Céus, nos apresenta A Justiça de Deus, e os padrões de relacionamento são celestiais. Firmados em Amor, no Perdão, no Cuidado e na Gratidão.

Edward M. Luz, Cientista social.Universidade de Brasília – usando uma pesquisa do DATA-FOLHA, para contestar alguns pontos do PNDH-3 Plano Nacional dos Direitos Humanos – Citou que 97% da nossa população crê em Deus.

Nos diversos seguimentos religiosos que existem em nosso país, a grande maioria (90% no Senso de 2000) – crê no Deus da Bíblia (cristãos católicos, protestantes, evangélicos e judeus).

Sou contrário ao ensino religioso público, porque possuímos a liberdade de cultuar a Deus e de ser orientados não de forma genérica, por alguém que estudou os principais pontos de cada religião, mas, por pessoas que vivam sua crença religiosa e, portanto poderão ser exemplos para seus alunos. A Bíblia (já que somos brasileiros, e cremos no Deus da Bíblia em nossa maioria), declara: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e mesmo quando for grande, não se desviará dele”. Não se pode dizer a uma criança: Aquele é O Caminho, ande por ele! (Elas não seguirão). Deve-se dizer: Este é O Caminho, ande por ele, como você me vê andar. (Se cumprirá as palavras das Escrituras).

A EDUCAÇÃO É O DIÁLOGO ENTRE AS GERAÇÕES

E estas palavras, ensinarás repetidamente a teus filhos, falando-lhes quando estiveres sentado em tua casa ou quando estiveres no caminho, quando te deitares e quando te levantares. (Deu 6:6-7)

“os egípcios construíram pirâmides, os gregos, templos, os romanos anfiteatros, mas, os judeus construíram escolas. Eles sabiam que para defender um país era necessário um exército, mas, para defender uma civilização é necessário educação. Assim, os judeus se tornaram o povo cujos heróis eram professores, cujas fortalezas eram escolas e cuja paixão era o estudo e o desenvolvimento da mente. Como poderíamos privar nossos filhos desta herança?"
Lord Jonathan Sacks
A CULTURA DE UM POVO QUE CRÊ NO DEUS DA BÍBLIA
Não só o Brasil, mas, o mundo Ocidental tem sua grande influência no culto e na formação judaico-cristã, que gerou a Cosmo-visão da maioria dos países desenvolvidos e que por conta disto passaram a ser importantes agentes de influência e de formação cultural e social por séculos e gerações, até nossos dias.
Baixo esta influência (do ensino para formar as futuras gerações que recebemos do povo judeu), os cristãos também historicamente fomentaram a Educação e o ensino dos princípios de Deus e os cristãos foram responsáveis pela formação das principais universidades do mundo existentes ainda hoje, no início com objetivos nos estudos, do Direito, Medicina, Edificações e Teologia. Surgiram então universidades como a Universidade de Bolonha (1088), a Universidade de Paris (c. 1150, mais tarde associados com a Sorbonne), a Universidade de Oxford (1167), a Universidade de Cambridge (1209), a Universidade de Salamanca (1218), a Universidade de Pádua (1222), a Universidade de Nápoles (1224), a Universidade de Toulouse (1229). Em todas a Igreja foi responsável pelo seu desenvolvimento.
Harvard e Yale.

1640 – Yale – Fundada para os estudos das ciências sob a Bênção de Deus e recebe este nome em gratidão a Eliahu Yale, um judeu que promoveu os recursos para que a universidade fosse mantida nos seu início.

Há uma inscrição em hebraico na porta de YALE: URIM VETUMIM – LUZES PARA PERFEIÇÕES!

Esta nossa vocação de nos esforçar a desenvolver nossos potenciais e de legar o que foi alcançado às futuras gerações, deve-se grandemente aos valores e princípios que nos alcançaram através da Bíblia Sagrada. A Família, principal núcleo da sociedade, é protegida, guiada e orientada pelo Próprio Deus, através de seus ensinamentos. A responsabilidade de formação das próximas gerações, não é um anseio novo, mas, o que foi incutido em nossas vidas, por sermos OS FILHOS DOS PROFETAS... Aqueles que viveriam o fruto de seu desvelo por guardar, viver, ensinar, treinar, capacitar, até que todo este tesouro chegasse até nós.
DOIS PENSAMENTOS PARA ENCERRAR:
“Nunca deixe de estudar. Certa vez, conheci uma senhora de 103 anos que sempre parecia rejuvenescida. Perguntei qual era seu segredo, e ela respondeu: “Nunca receie aprender alguma coisa nova”. Compreendi então que estudar é o verdadeiro teste para reconhecer qual é a nossa idade. Se você continua desejando estudar, você pode ter 103 anos e ainda assim ser jovem; do contrário, pode ser velho mesmo tendo somente 23 anos.”

Lord Jonathan Sacks.


“Não pense de você mesmo, mais do que lhe convém. Somos apenas um elo de uma enorme corrente. O que recebemos de nossos pais e antepassados foi conquistado e guardado por eles à duras penas. Resta a nós, com todo o nosso esforço, guardar tais tesouros intactos, para transmiti-los aos nossos filhos e às futuras gerações. Se pudermos embelezá-los ou enaltecê-los tanto melhor.”
Paulo de Tarso
Paulo de Tarso, apóstolo
Igreja Apostólica Betlehem